Com mais de 35 anos de experiência, a empresa atua de forma vertical desde a mineração de espodumênio em Araçuaí, localizado no Vale do Jequitinhonha (MG), recentemente reconhecido como o Vale do Lítio do Brasil, até a conversão química do concentrado em sua planta industrial em Divisa Alegre (MG).
A CBL abastece tanto o mercado interno quanto o internacional com produtos de lítio de alta pureza destinados às indústrias de baterias, cerâmica, vidro, farmacêutica e de lubrificantes. Comprometida com a inovação e a sustentabilidade, a empresa investe continuamente em tecnologia e melhoria de processos, posicionando-se entre os principais players de lítio na América Latina. Com o crescimento das atividades de mineração no Vale do Jequitinhonha, a região consolidou-se como um polo de exploração de pegmatitos portadores de espodumênio, atraindo novos projetos ano após ano. A CBL, no entanto, atua na região há mais de três décadas, sendo pioneira na extração e no beneficiamento de espodumênio no Brasil e, atualmente, a única empresa que converte concentrado em carbonato e hidróxido de lítio no país. A empresa mantém seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade, investindo constantemente em tecnologia e na melhoria de processos para permanecer como uma das principais produtoras de lítio da América Latina.
Desafio: Reduzir a Diluição para Otimizar a Concentração de Espodumênio
Desde o início das operações, um dos principais desafios da CBL tem sido a diluição do minério causada pela presença de xisto, a rocha hospedeira dos corpos de pegmatito. Essa diluição impacta diretamente a qualidade do concentrado final e reduz a eficiência das etapas subsequentes de processamento. Com a intensificação da concorrência no mercado de lítio e a eficiência operacional se tornando fator decisivo, encontrar soluções capazes de melhorar a seletividade, elevar a qualidade do produto e reduzir custos tornou-se essencial. Tradicionalmente, o beneficiamento de minérios de pegmatito portadores de lítio pode seguir diferentes rotas, sendo a flotação e a Separação em Meio Denso (DMS) as mais comuns. A flotação é utilizada principalmente para depósitos de granulação fina, explorando diferenças nas propriedades de superfície entre os minerais por meio de reagentes e aeração da polpa. Já a DMS é preferida para minérios de granulação mais grossa, como os da região de Araçuaí, baseando-se em diferenças de densidade para realizar a separação. Embora a DMS seja eficaz, seu desempenho é limitado pelo fato de o xisto possuir uma densidade muito próxima à do espodumênio, o que compromete a seletividade da separação. Nessas condições, a eficiência da planta fica restringida. No Vale do Lítio, operações de mineração tanto a céu aberto quanto subterrâneas enfrentam esse desafio persistente de diluição. As rotas de beneficiamento convencionais, que envolvem britagem, peneiramento e DMS, conseguem produzir um concentrado de espodumênio, mas não conseguem resolver totalmente o problema quando o xisto está presente em altas proporções. Essa limitação não apenas afeta o teor do concentrado, mas também aumenta o volume de material processado nas etapas subsequentes, com implicações diretas no consumo de energia, água e nos custos operacionais gerais.
Separação por Sensores para Remoção Antecipada de Xisto Antes do DMS
Para enfrentar o desafio persistente da diluição, a CBL implementou a Separação por Sensores, também conhecida como Ore Sorting, como uma etapa estratégica de pré-concentração, posicionada imediatamente após a britagem primária. Essa etapa tem como alvo a fração granulométrica de -100 +19 mm, que representa aproximadamente 70% do Run-of-Mine (ROM). O objetivo é remover o xisto de forma antecipada — tipicamente entre 5 a 20% do ROM, antes da etapa de Separação em Meio Denso (DMS), melhorando a qualidade da alimentação e a seletividade do processo. A instalação industrial opera com uma capacidade nominal de 100 t/h e é totalmente a seco, eliminando o uso de água e a necessidade de barragens de rejeitos. O sistema de classificação identifica e separa o material com base em propriedades físicas intrínsecas, como densidade atômica, cor da superfície, forma e brilho das partículas, permitindo a remoção do xisto do minério portador de espodumênio em tempo real e com alta precisão.
A unidade selecionada, STEINERT KSS | XT CLI, conta com um sensor primário de Transmissão por Raios X (XRT), apoiado por câmeras coloridas de alta resolução e scanners a laser 3D. Essa configuração multisensor detecta simultaneamente contrastes de densidade, texturas de superfície e geometria tridimensional das partículas, alcançando uma discriminação litológica precisa mesmo quando as diferenças de densidade são mínimas. Uma das principais vantagens da abordagem multisensor é a flexibilidade operacional. O sistema pode combinar múltiplos critérios de separação e ajustar a lógica de ejeção para acomodar a variabilidade litológica e as mudanças nas características do minério ao longo do tempo. Além disso, pode operar de forma eficiente em uma faixa granulométrica mais ampla, adaptando-se a variações no Run-of-Mine (ROM) e a mudanças na produção. Essa versatilidade e a facilidade de integração à planta existente foram fatores decisivos na seleção da tecnologia, especialmente considerando os planos da CBL de expandir a capacidade de produção tanto na mina quanto na planta química com investimentos adicionais mínimos. Adailton Almeida, Coordenador de Beneficiamento da CBL, afirma: “Ao remover o xisto após a etapa de britagem primária, ganhamos flexibilidade na separação da alimentação da DMS devido à densidade de outros minerais, já que o xisto possui densidade muito próxima à do espodumênio.”
Operação a Seco e Compromisso ESG: Redução do Impacto Ambiental e Uso Consciente dos Recursos Naturais
Desde sua entrada em operação, a instalação de Classificação por Sensores (SBS) tem proporcionado melhorias notáveis ao circuito de beneficiamento de espodumênio da CBL. A recuperação metalúrgica de lítio supera consistentemente os 90%, enquanto a corrente de rejeito apresenta, em média, apenas ~0,3% de Li₂O, evidenciando a precisão e a seletividade excepcionais do processo. A remoção de mais de 95% do xisto antes da etapa de DMS garante uma alimentação mais limpa e de maior teor, aumentando a eficiência da DMS, estabilizando o desempenho da planta e maximizando a recuperação global de lítio. Ao elevar a qualidade do concentrado e aprimorar a seletividade do processo, o Ore Sorter possibilita um uso mais eficiente do corpo mineral, expandindo as reservas economicamente viáveis e reduzindo os volumes de estéril. Trata-se de uma abordagem que não apenas gera valor técnico e econômico, mas também mitiga riscos regulatórios e sociais associados ao uso intensivo de recursos naturais.
De acordo com Priscila Esteves, PhD, Head do Departamento Técnico da STEINERT:
“O depósito da CBL é caracterizado por um pegmatito com cristais grandes, o que permite que alguns minerais sejam liberados logo após a britagem primária. Isso possibilitou a pré-concentração já nessa etapa, reduzindo o volume processado nas etapas subsequentes, resultando em menores custos operacionais e menor geração de finos de rejeito. Há também um efeito positivo na qualidade do material alimentado na DMS.” A experiência da CBL demonstra que tecnologias avançadas, como a Separação por Sensores (SBS), podem transformar estratégias operacionais. Mais do que uma ferramenta de beneficiamento, a SBS se tornou um pilar estratégico — impulsionando maior produtividade, reforçando o compromisso ambiental e garantindo a sustentabilidade e resiliência de longo prazo da operação.
Resultados, suporte técnico e visão do futuro
Após sua implementação em escala industrial, os resultados alcançados com a aplicação da tecnologia de Separação por Sensores (Sensor-Based Sorting) na planta da CBL consolidaram seu papel como parte fundamental do circuito de beneficiamento. A parceria com a STEINERT Latinoamericana vai além do fornecimento de equipamentos, abrangendo suporte técnico contínuo, monitoramento remoto, visitas periódicas e ajustes operacionais adaptados às demandas do processo, às variações da mina e às mudanças sazonais na operação. Esse modelo de colaboração técnica contínua é um dos pilares da evolução do projeto e sustenta a ambição da CBL de incorporar cada vez mais inteligência de processo em suas operações. A aplicação da tecnologia de sensores, combinada a uma operação robusta e responsiva, trouxe ganhos significativos em seletividade, produtividade e sustentabilidade, parâmetros essenciais para o posicionamento competitivo da empresa na atual cadeia global de suprimento de lítio. Mais do que uma atualização do circuito, a introdução do Ore Sorter reforça o compromisso da CBL com a mineração sustentável, um modelo de operação que combina responsabilidade ambiental, máxima recuperação mineral e a adoção de tecnologias de ponta. A parceria com a STEINERT continua sendo uma base sólida para o desenvolvimento contínuo, com expectativas de novos avanços em automação, monitoramento em tempo real e controle de processos, ampliando o impacto positivo dessa aplicação e possibilitando uma mineração cada vez mais limpa, segura e eficiente.
Com sua implementação em escala industrial, a Separação por Sensores (SBS) tornou-se um pilar do circuito de beneficiamento da CBL. A tecnologia trouxe ganhos de eficiência, mas o verdadeiro diferencial está na forma como a parceria com a STEINERT Latinoamericana foi construída: lado a lado, unindo expertise técnica, inovação e suporte. Mais do que o fornecimento de equipamentos, essa colaboração inclui assistência técnica diária, monitoramento remoto, visitas regulares em campo e ajustes operacionais adaptados não apenas às demandas do processo, mas também a desafios naturais, como a variabilidade geológica e as mudanças sazonais. Os resultados já são evidentes: ganhos significativos em seletividade, produtividade e sustentabilidade, fatores essenciais para manter a CBL competitiva no mercado global de lítio. Além disso, a operação totalmente a seco reforça o compromisso da empresa com práticas ambientais responsáveis. A parceria entre STEINERT e CBL não apenas moderniza o beneficiamento de lítio no Brasil, como também estabelece um novo patamar de colaboração no setor, impulsionado pela inovação e pela sustentabilidade.