O DESAFIO: transformar a bauxita compacta em produto de alta qualidade
Para garantir um produto competitivo, a TGM enfrenta desafios ambientais, sociais e, especialmente, comerciais. O objetivo é claro: transformar a bauxita compacta em um material com teores ideais de cálcio e alumínio, atendendo a padrões cada vez mais rigorosos do mercado. Com o avanço da exploração na mina, a necessidade de soluções tecnológicas inovadoras se tornou ainda mais urgente.
Nesse cenário, a implementação da tecnologia Sensor-Based Sorting (SBS) surge como uma solução inovadora para aprimorar o processo produtivo. Anteriormente, a classificação do material era feita exclusivamente por peneiramento, o que resultava na permanência do anortosito — uma litologia mais resistente e rica em Ferro (Fe) e Óxido de Cálcio (CaO) — nas frações mais grosseiras.
Como próximo passo no desenvolvimento do projeto, foi planejada a criação de um novo produto com maior valor agregado. Definiu-se como principal necessidade a redução da contaminação por cálcio para níveis abaixo de 0,15%, garantindo a remoção eficiente de impurezas. Além disso, elevar o teor de Óxido de Alumínio (Al₂O₃) para a faixa de 62% a 63% seria interessante, uma vez que permitiria a produção de um material premium.
Para alcançar tal objetivo, seria necessária a criação de uma rota de beneficiamento do material oriundo do peneiramento. As rotas convencionais para bauxita envolvem etapas de cominuição, separação magnética, lavagem, desaguamento ou até mesmo flotação.
Foi nesse contexto que surgiu a parceria com a STEINERT Latinoamericana, trazendo para o centro da operação a tecnologia de separação por sensores (Sensor-Based Sorting - SBS), mais conhecida como Ore Sorting. Diferente do método tradicional, o Ore Sorting permite a separação a seco, baseada em sensores que identificam a composição do minério em tempo real. Esta solução não só aprimora a qualidade do produto, como também elimina a necessidade de uso de água e barragens, promovendo uma operação mais sustentável e eficiente.
Segundo José Maurício, Gerente de Planejamento da TGM: "A aplicação do Ore Sorter é crucial para atender mercados específicos, como o de abrasivos refratários, devido às rigorosas exigências quanto ao teor de Óxido de Cálcio (CaO)."
Com essa inovação, a TGM não apenas aprimora sua competitividade no setor, mas também se posiciona como uma referência em mineração sustentável, alinhada às melhores práticas ambientais e à crescente demanda global por operações mais responsáveis.
PARCERIA DE SUCESSO: Inovação e Resultados Concretos
O início da colaboração entre TGM e STEINERT ocorreu em 2022, com testes para validar a eficiência da tecnologia. Amostras foram enviadas para o Centro de Testes em Matozinhos (Minas Gerais), onde o equipamento STEINERT KSS | XT CLI, equipado com sensores raio-X de transmissão, cor, laser 3D e indução magnética permitiu uma análise precisa do material.
Na primeira rodada de testes, com duas toneladas de amostras, os resultados foram excepcionais: uma configuração personalizada para cada tipo de material, com destaque para a combinação do RaioX de transmissão e o laser 3D, que garantiu uma separação altamente eficiente.
O sucesso inicial motivou uma segunda leva de testes, focada em um desafio ainda maior: obter uma bauxita premium, com teores elevados de óxido de alumínio (Al₂O₃) e redução de contaminantes como dióxido de silício (SiO₂), óxido de ferro III – hematita (Fe₂O₃), óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO), em uma fração de tamanho mais fino de +1” -2” (de uma a duas polegadas).
Após ajustes finos, a tecnologia da STEINERT demonstrou total capacidade de:
- Rejeitar partículas com altos teores de ferro;
- Aumentar significativamente o teor de Óxido de Alumínio (Al₂O₃);
- Reduzir impurezas aos níveis exigidos pelo mercado.
O segundo teste confirmou a eficiência da tecnologia XRT (RaioX de Transmissão) na remoção de contaminantes, atingindo os parâmetros desejados (óxido de cálcio (CaO) < 0,1%) e reduzindo a contaminação por óxido de ferro (Fe₂O₃) no rejeito, que apresentou teores entre 7% e 22%.
A estratégia de direcionamento dos produtos do Ore Sorter da TGM reforça o conceito de rejeito zero, possibilitando a produção de bauxita de alto valor agregado e a comercialização do rejeito para diversas indústrias, como cimento, cerâmica e metalurgia, ampliando a sustentabilidade e a viabilidade econômica do processo.
“Unir a expertise de quem conhece o equipamento com quem entende o processo e o produto permite identificar os limites ideais de operação e os pontos de melhoria, facilitando o trabalho conjunto para otimizar a rentabilidade da operação e aprimorar o produto”, diz Alexandre Rosa, Supervisor de PCP da TGM.
Uma das melhorias propostas pela equipe da Steinert Latinoamericana, durante o período inicial da planta piloto, foi utilizar a tecnologia de otimização de formação de objeto do software. Essa otimização ajudou a neutralizar os efeitos das partículas finas no material de alimentação, ao mesmo tempo em que atendeu ao requisito de ajustar o tamanho das partículas do material processado para +1/2” – 2” (meia polegada a duas polegadas). Como resultado, a precisão dos dados aumentou, a variabilidade dos resultados diminuiu e a produtividade da planta melhorou significativamente.
DA TEORIA À PRÁTICA: Implementação em Escala Industrial e Ganhos Efetivos
Com a comprovação da eficácia do Ore Sorting, a TGM adquiriu sua primeira máquina da STEINERT, replicando em escala industrial os excelentes resultados obtidos em laboratório.
O minério da TGM, derivado da lixiviação do anortosito, apresenta altos níveis de cálcio, tornando a separação um desafio crítico. O uso do RaioX de transmissão, que avalia a densidade atômica das partículas, provou ser a solução ideal para esse cenário, permitindo uma separação precisa da bauxita em relação ao anortosito e garantindo eficiência operacional diretamente na mina.
"Com a aplicação do Sorter, podemos alavancar nossa produção na frente de lavra, realizando a pré-classificação do anortosito no próprio Sorter. Isso melhorou a seletividade desde a frente de lavra até o processo de britagem, separação do anortosito da bauxita e peneiramento”, afirma Osmar Ribeiro, Encarregado de Beneficiamento da TGM.
RESULTADOS E CONSOLIDAÇÃO DA PARCERIA
Após mais de um ano de operação, a parceria entre a TGM e a STEINERT se fortaleceu. A STEINERT oferece suporte contínuo, com assistência remota e visitas técnicas regulares para otimização de processos e ajustes personalizados, alinhados a novas demandas de mercado.
“Contamos com um excelente apoio dos técnicos da Steinert Latinoamericana, que estão em contato constante comigo e com os operadores, sempre prontos para corrigir falhas — algo comum em qualquer processo, independentemente do horário”, afirma Osmar Ribeiro, Encarregado de Beneficiamento da TGM.
Durante a operação assistida da planta piloto, observou-se que a variação entre as duas estações predominantes na região — chuvosa e seca — impacta diretamente a eficiência da separação, devido às mudanças nas características do material. Diante desse desafio, a equipe da Steinert Global atuou ativamente para mitigar os impactos na produção e permanece sempre atenta para oferecer suporte ao dinamismo das operações minerais.
Como resultado, as empresas estabeleceram uma parceria sólida, baseada na colaboração técnica e no desenvolvimento contínuo do projeto.
O coordenador de projetos da TGM, Everton Gonçalves, destaca: "O STEINERT KSS | XT CLI é um equipamento robusto, com performance impressionante. É uma experiência nova na Terra Goyana, mas as palavras-chave são performance e robustez."
OPERAÇÃO A SECO E COMPROMISSO COM O ESG: RUMO AO ZERO REJEITO
O processo da TGM é 100% a seco, utilizando água apenas em atividades de infraestrutura. Esse diferencial está totalmente alinhado com as práticas de ESG da empresa, reforçando o compromisso com uma mineração mais sustentável.
Com a implementação da tecnologia Ore Sorter da STEINERT, a TGM aumentou significativamente a seletividade do processo, resultando em produtos mais limpos e de alta qualidade, que podem ser destinados a novos mercados com requisitos mais exigentes sem necessidade de um beneficiamento a úmido. Além do aumento das reservas disponíveis, uma vez que melhorando eficiência de classificação e recuperação do minério, permite um melhor aproveitamento da jazida, reduzindo assim, futuros impactos ambientais.
Essa evolução tecnológica não só aprimorou a eficiência operacional, mas também aproximou a empresa de um de seus principais propósitos: alcançar a produção zero de rejeitos, consolidando um modelo de negócio sustentável e rentável. Esse avanço está em total sintonia com a filosofia da Steinert, que, de maneira geral, promove a sustentabilidade por meio de soluções tecnológicas inovadoras. Essas tecnologias não apenas otimizam processos e reduzem rejeitos, mas também reforçam o compromisso da empresa com a economia circular, a utilização eficiente dos recursos e o desenvolvimento sustentável, alinhando-se aos princípios de preservação ambiental e valorização dos processos industriais.
“Estamos sempre em busca de novas tecnologias, como o Sorter da Steinert, para viabilizar novos produtos na TGM, garantindo não apenas retorno financeiro, mas também benefícios ambientais. Essa abordagem está alinhada com uma operação segura, em conformidade com a legislação ambiental e os princípios ESG” diz Thalles Torres, Coordenador de Planejamento de Mina da TGM.
Hoje, o Ore Sorter da STEINERT é um pilar estratégico para a TGM, proporcionando não apenas ganhos de eficiência e qualidade, mas também alinhado com o projeto interno “Mina do Futuro”, que representa o nível de excelência que a empresa busca alcançar. Esse projeto incorpora características como responsabilidade ambiental, inovação e maximização do aproveitamento mineral.
O sucesso em Barro Alto é um exemplo claro de como a tecnologia, quando bem aplicada, pode transformar desafios em resultados sólidos e duradouros.